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terça-feira, 10 de abril de 2012

Conheça rotina e planos do argentino que mudou o basquete brasileiro


Há dois anos no comando da Seleção Brasileira, Rubén Magnano já está acostumado com a vida em São Paulo. Foto: Ricardo Matsukawa/Terra Há dois anos no comando da Seleção Brasileira, Rubén Magnano já está acostumado com a vida em São Paulo
Foto: Ricardo Matsukawa/Terra
Gustavo Setti
Direto de São Paulo
A Seleção Brasileira de basquete não participava de uma edição dos Jogos Olímpicos desde Atlanta 1996. Dezesseis anos depois, justamente um argentino foi o comandante da equipe que conseguiu a vaga para Londres. Rubén Magnano, 57 anos, é o técnico do Brasil desde 2010, e ele acredita que "pode ser a mesma vontade" a característica em comum da atual Seleção se comparado com a vitoriosa geração da década de 1980, que contava com Oscar, Israel, Gerson, entre outros.
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O argentino participou dos Jogos de Atenas 2004 e levou o combinado da Argentina à medalha de ouro. Há dois anos à frente do Brasil, Magnano recebeu a reportagem do Terra no flat onde mora, no bairro Paraíso, em São Paulo. Após meia hora de conversa, o técnico ainda mostrou um pouco de sua rotina, como o café da manhã feito na padaria em frente à sua residência.
Mais descontraído tomando um café acompanhado de um pão com manteiga, Magnano chegou a brincar com a quantidade de perguntas e agradeceu por nenhuma delas ser sobre futebol. Apesar disso, o argentino não deixou de comentar sobre o esporte mais popular do Brasil. "Assisti ao jogo Corinthians e Palmeiras (há duas semanas), mas mesmo estando longe, eu torço para minha equipe", afirmou. O time o qual o argentino se refere é o Belgrano, de Córdoba, sua cidade natal. Confira:
Terra - O senhor já está morando há mais de dois anos no Brasil. Como foi a adaptação?
Rubén Magnano - Eu aprendi um pouco a entender a cidade, sobretudo São Paulo. Entendi como vive com este trânsito. Também estou aprendendo sobre as comidas, que para mim mudou um pouco, mas acho que não são coisas muito importantes, me habituei muito bem.
Terra - Como é a rotina do senhor, está fazendo alguma coisa além do trabalho com a Seleção?
Magnano - Não estou fazendo nada além do trabalho com a Seleção. Hoje eu não poderia dizer que minha vida é 24 horas de basquete, mas fica perto. Para um pouco, uma hora e meia para jogar futebol e correr na academia. Como eu falava, eu vou aqui na frente pegar um café, saio para jantar com meus amigos, mas esses tempos são de muito basquete. Eu assisto aqui em São Paulo aos jogos da Liga: Franca, São José, Limeira, em parte é minha obrigação ficar mais perto agora. E eu também estou assistindo muito jogo da Espanha, onde temos jogadores.
Terra - O senhor acredita que essa geração do basquete tem algo de semelhante com a geração do Oscar na década de 1980?
Magnano - Acho que pode ser a mesma vontade. Talvez algum jogador com o grau de comprometimento com a Seleção. Seguramente falando de jogo, o jogo mudou daquela época para hoje. Nós precisamos de jogadores que tenham vontade.
Terra - Essa é a primeira vez que o Brasil vai disputar os Jogos depois de 16 anos. A falta de experiência pode afetar a equipe?
Magnano - O nome Jogos Olímpicos muda na relação ao Mundial, as duas são competições diferentes. Mas no nível de equipe, de jogo, não muda nada. A experiência de pegar jogadores de muita trajetória no basquete brasileiro. Para eles (jogadores) não falo que é uma coisa normal, mas falo que eles já viveram torneios muito importantes. Então a Olimpíada é uma a mais.
Terra - Em entrevista ao Jornal do Commercio de Pernambuco, o Carlos Nunes, presidente da CBB, disse que com certeza o Leandrinho e o Nenê vão estar nos Jogos. E na semana passada o senhor disse que eles têm chances, não estão descartados.
Magnano - Carlos não falou nada para mim. Isso é o mais importante, que ele não falou nada. Eu posso falar com certeza, ninguém, nem as pessoas mais próximas de mim, as que eu tenho mais confiança, conhecem qual é a lista, quais são os nomes da convocação. Até mesmo o Carlos, por mais que ele seja o presidente da CBB.
Terra - As mudanças de time do Leandrinho e do Nenê na NBA. O senhor acredita que isso pode ajudá-los ou prejudicá-los em uma possível convocação?
Magnano - Eles estão jogando na melhor liga do mundo. Uma quantidade de tempo e estão jogando bem. Acho que não pode prejudicar, não vai mudar nada nisso. O problema é quando os atletas ficam parados, ficam sem jogar. O problema é quando eles se machucam.
Terra - A lesão do Anderson Varejão preocupa o senhor?
Magnano - Claro que me preocupa. Eu fico preocupado com as lesões dos jogadores. Eu ainda tenho esperança que ele se recupere bem para chegar a convocação em boa forma, ainda temos tempo para isso.
Terra - Como a temporada da NBA acaba antes do início dos Jogos, o senhor tem receio que os jogadores se desgastem muito e estejam cansados antes do início da Olimpíada?
Magnano - Isso é igual para todo mundo, não só para o Brasil. Sem dúvidas, todos (que chamarem jogadores da NBA) estarão nas mesmas condições. Então agora nós devemos ficar inteligentes se são convocados jogadores da NBA para trabalhar com as suas preparações de acordo com o que eles viveram dentro da temporada. Porque ainda podem ficar fora dos playoffs.
Terra - Sobre a seleção argentina campeã Olímpica em Atenas 2004. O senhor acredita que existe alguma relação entre essa nova geração do Brasil e os argentinos de 2004?
Magnano - Tem alguma semelhança, por algumas variáveis que ambas as seleções tem em comuns. Por exemplo: uma quantidade de jogadores jogando fora. A Argentina tinha 11 jogadores na NBA ou Europa. Nós temos hoje uma quantidade de aproximadamente 50 ou 60% jogando fora. Tem a Liga nacional (NBB) que vem crescendo e isso ajuda muito, tem gente jovem que vem puxando, com vontade de representar o país.
Terra - Também sobre a participação da Argentina em 2004. Como foi a experiência na Vila Olímpica?
Magnano - Para um atleta, um treinador, que tem a possibilidade de viver isso, é uma coisa única. O momento da apresentação, o sentimento é uma coisa muito bacana, muito bonito, que mobiliza a pessoa. Na Vila (Olímpica), você se senta a um jantar com os melhores do mundo, com atletas realmente olímpicos, com medalhas de ouro.
Terra - Como treinador, teve algum problema com os jogadores?
Magnano - Quando o atleta conhece o que vai fazer em uma Olimpíada não devemos ter nenhum problema. O foco está nos Jogos Olímpicos. Nas minhas duas experiências, uma como assistente e a outra como treinador, você coloca as regras, porque não é o mesmo que em um Mundial. Você coloca um padrão que será cumprido.
Terra - Qual foi o momento mais marcante na carreira do senhor?
Magnano - É interessante porque até hoje eu posso falar que eu vivi uma situação muito importante na minha carreira, que foi o ouro nos Jogos Olímpicos. Agora o desafio é ver se, com a equipe que eu dirijo agora, eu possa fazer um trabalho não necessariamente de chegar a uma medalha, mas ficar próximo disso.
Terra - O senhor planeja ficar mais quanto tempo nesse ambiente do basquete como treinador?
Magnano - Se eu tivesse a resposta eu ficara muito mais tranquilo. Hoje na minha cabeça é continuar fazendo o trabalho de treinador, não tenho outra ideia do que não ser treinador.
Londres 2012 no Terra
O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

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