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Curiosamente, os alemães faturaram o tetra 24 anos depois da conquista do tricampeonato |
Foi um jogo de paciência no estádio do Maracanã e a Alemanha soube
esperar o momento certo para dar o golpe mortal na Argentina, com gol de
Mario Götze, para enfim conquistar o tetracampeonato da Copa do Mundo,
neste domingo, no Rio de Janeiro. Em um duelo equilibrado, os europeus
impuseram o seu estilo de jogo desde o início, diante da retranca
montada pelo técnico Alejandro Sabella, e precisaram de 112 minutos para
confirmar o favoritismo.
Depois de um duelo aguerrido e sem gols durante 90 minutos, a Alemanha
buscou o gol salvador aos 7 minutos do segundo tempo da prorrogação.
André Schürrle disparou pela esquerda e cruzou na área para Götze, que
dominou no peito e bateu para as redes, para alegria de alemães e choro
dos torcedores argentinos presentes no Maracanã.
Com o triunfo, a Alemanha desempatou os duelos contra a Argentina em
finais de Copa, a decisão mais repetida da história Em 1986, os
sul-americanos levaram a melhor. Quatro anos depois, foi a vez do time
europeu erguer a taça. Antes, a Alemanha já se sagrara campeã em 1954 e
1974.
Curiosamente, os alemães faturaram o tetra 24 anos depois da conquista
do tricampeonato, assim como fizeram o Brasil e a Itália, outras duas
seleções que têm quatro troféus - a seleção brasileira já soma cinco
títulos. A Copa de 2014 repetiu ainda as últimas duas edições, ao ser
decidida na prorrogação.
A Alemanha contou com ampla torcida brasileira, mesmo depois do vexame
que impôs à seleção nacional na semifinal. Mas, mesmo com o favoritismo
adquirido na goleada de 7 a 1, teve dificuldade contra o bom e compacto
time argentino, que não teve o machucado Angel Di María. Para
equilibrar, a Alemanha perdeu Khedira antes do apito inicial. Ele se
machucou durante o aquecimento.
O primeiro tempo foi um duelo da retranca contra o toque de bola
alemão. Mas, mesmo na defensiva, os argentinos criaram as melhores
chances. No segundo tempo, os sul-americanos esboçaram uma pressão no
início, mas logo sucumbiram ao cansaço, em razão da sequência de jogos
duros e decididos na prorrogação e pênaltis. A Alemanha, contudo, não
aproveitou a chance e precisou decidir a partida somente no tempo extra.
O título coroa a boa campanha alemã na Copa, que teve início com uma
retumbante goleada de 4 a 0 sobre Portugal do melhor do mundo, o
atacante Cristiano Ronaldo. Depois de atuações temerosas contra Gana e
Argélia, o técnico Joachim Löw soube ajustar o time para ganhar ainda
mais consistência, deixando para trás seleções tradicionais como França e
Brasil. Na final, foi a vez de superar a bicampeã Argentina.
O tetracampeonato também premia todo o planejamento da Alemanha, que
estabeleceu em 2002 um vitorioso plano para renovar o futebol nacional.
Os resultados culminaram na revelação de jogadores que passaram a atuar
juntos desde a Copa de 2006. Naquele ano e em 2010, a seleção terminou
em terceiro lugar, após o vice-campeonato de 2002. A busca pelo quarto
título, enfim, teve final feliz.
O JOGO - A final da Copa do Mundo do Brasil teve início previsível, com
ambos os times se estudando, cautelosos. Considerada a favorita ao
título, a Alemanha tratou logo de impor seu toque de bola, enquanto que a
Argentina postou suas duas linhas de quatro jogadores na defesa,
estabelecendo a retranca.
A estratégia favoreceu inicialmente a equipe de Sabella, eficiente na
defesa, como nos últimos três jogos. Recuada, saiu em velocidade no
contra-ataque. E, assim, criou a primeiras boas chances de gol, todas
pela direita. Aos 3 minutos, Higuaín invadiu a área pela direita e bateu
cruzado, com perigo. Messi, aos 8, também ameaçou na linha de fundo,
assim como Zabaleta na sequência.
Os argentinos eram mais efetivos em sua proposta de jogo, de forte
marcação, e não tinha maiores dificuldades para neutralizar as poucas
investidas do adversário. A Alemanha chegava com facilidade à
intermediária, mas cercava a área com pouca objetividade. Em uma das
raras chances, Lahm cruzou da direita e Klose alcançou de cabeça, aos 12
minutos.
O time sul-americano seguia levando maior perigo no ataque, apesar da
postura mais defensiva. Aos 20 minutos, Higuaín recebeu livre cara a
cara com Neuer, após erro da defesa alemã, mas bateu mal, para fora, na
melhor chance do jogo até então. Não foi o único susto sofrido pela
Alemanha. Aos 29, Lavezzi cruzou da direita e Higuaín, em claro
impedimento, mandou para as redes. O árbitro anulou o lance.
Aos 30 minutos, o técnico Joachim Löw precisou fazer uma mudança
inesperada no time. Kramer, que entrara de última hora na vaga de
Khedira, machucado durante o aquecimento, precisou deixar o campo. Ele
levou forte pancada na cabeça de Garay e caiu em campo, aparentemente
desacordado. O meia até tentou ficar no jogo, mas não aguentou. Löw
colocou Schürrle, aumentando o poder de fogo dos alemães.
Schürrle teve grande oportunidade para abrir o placar aos 36 minutos,
que bateu forte e deu trabalho a Romero pela primeira vez na partida. A
Alemanha, então, passou a atacar mais, aproveitando as brechas que
começaram a surgir na defesa argentina, mais ofensiva no final da
primeira etapa. Aos 46, os europeus tiveram a sua melhor chance em
cabeçada de Höwedes, sem marcação dentro da área, na trave.
O jogo seguiu mais aberto no segundo tempo, principalmente por causa da
postura mais ofensiva da Argentina, com Agüero no lugar de Lavezzi.
Logo no primeiro minuto, Messi desperdiçou chance incrível ao avançar
pela esquerda, entrar na área e bater rente à trave esquerda de Neuer.
Mas os avanços da Argentina logo desaceleraram. Agüero, sem ritmo, não
conseguia dar sequência às jogadas e Messi acusava dores musculares na
coxa. Mais cansada, a equipe sul-americana afrouxou a marcação e a
Alemanha passou a levar maior perigo. Em uma grande chance, Schürrle
tabelou com Müller dentro da área e perdeu oportunidade preciosa, aos 25
minutos.
O cansaço logo atingiu também os alemães, que cometiam erros mais bobos
no ataque, acumulando chances seguidas. Em uma das jogadas mais
incisivas, Kroos recebeu grande passe fora da área e encheu o pé, direto
para fora, aos 36 minutos. Praticamente sem reação, a Argentina até
tentava se arriscar no ataque, com muitas falhas.
A dificuldade das duas equipes nas finalizações culminou na
prorrogação. E oportunidades surgiam para ambos os lados, na medida em
que o cansaço abatia os jogadores. Mais cansados, os argentinos apelam
para faltas mais violentas, com a complacência do árbitro italiano
Nicola Rizzoli.
As faltas dominaram o primeiro tempo da prorrogação. E foram acrescidas
da cadência argentina na segunda etapa, mais interessada nas cobranças
de pênaltis. Até que, aos 7 minutos, Schürrle fez o cruzamento preciso
para Götze levar a Alemanha ao tão almejado tetracampeonato.
FICHA TÉCNICA
ALEMANHA 1 x 0 ARGENTINA
ALEMANHA - Neuer; Lahm, Hummels, Boateng e Höwedes; Kramer (Schürrle),
Schweinsteiger, Kroos e Özil (Mertesacker); Müller e Klose (Götze).
Técnico: Joachim Löw.
ARGENTINA - Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Rojo; Mascherano,
Biglia, Pérez (Gago) e Messi; Lavezzi (Agüero) e Higuaín (Palacio).
Técnico: Alejandro Sabella.
GOL - Götze, aos 7 minutos do segundo tempo da prorrogação.
CARTÕES AMARELOS - Schweinsteiger e Höwedes (Alemanha); Mascherano e Agüero (Argentina).
ÁRBITRO - Nicola Rizzoli (Fifa/Itália).
RENDA - Não disponível.
PÚBLICO - 74.738 presentes.
LOCAL - Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ).
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