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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tensão política aumenta no Egito após violência em jogo de futebol

Militares e opositores se acusam depois do pior surto violento da história do futebol local
Do R7, com agências internacionais
egito-violência-futebolAFP
Política ou mera rivalidade futebolística? Ânimos seguem exaltados no Egito

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Mais do que uma simples rivalidade entre dois clubes rivais, uma briga pelo controle do país. É assim que o surto de violência em uma partida de futebol no Egito e que chocou o mundo está sendo visto pelas mais diversas alas do regime político egípcio. As tensões que resultaram em 74 mortos, pelo menos mil feridos – cerca de 150 em estado grave –, nesta quarta-feira (1º) também exacerbaram os ânimos nos palanques.
Manifestantes que há pouco mais de um ano foram às ruas do país para pedir a saída do então presidente Hosni Mubarak acusam o governo militar e a polícia de não terem feito nada para impedir o banho de sangue ao final em Port Said, a 207 km do Cairo, no jogo entre o time local, Al-Masry, e os visitantes do Al-Ahly, em jogo válido pelo Campeonato Egípcio. Um protesto em frente à sede do Ministério do Interior está marcado para esta quinta-feira (2).
A sede do Al-Ahly, no Cairo, reuniu centenas de torcedores e manifestantes que entoaram gritos como “Nós morreremos como eles ou garantiremos os direitos deles”, exigindo mais uma vez a saída dos militares do governo. Os mais exaltados iam além e diziam que tudo foi tramado pelo Exército, chefiado pelo comandante Mohamed Hussein Tantawi.
O tom mais agressivo contra o governo também foi adotado pela Irmandade Muçulmana, principal força política do Egito. O partido acusou partidário do ex-presidente Hosni Mubarak por “conspirarem e instigarem a violência”. Durante todo o período em que esteve no poder, Mubarak foi um grande incentivador do futebol no país, vislumbrando aumentar sua popularidade.
O governo negou todas as acusações por meio de um canal de televisão local. O próprio Mohamed Hussein Tantawi destacou que “esses tipo de eventos podem ocorrer em qualquer parte do mundo”, e que o momento é de ajudar as famílias de todas as vítimas e na recuperação dos feridos. Ele ainda confirmou que 47 pessoas foram presas por suposto envolvimento no surto de violência durante a partida, e que este número pode aumentar.
- Não iremos deixar quem estiver envolvido (nessa violência) sair impune. Vamos superar o que passou. O Egito terá estabilidade. Nós temos uma rota que nos leva à transferência do poder para civis eleitos. Se alguém está tramando pela instabilidade no Egito não será bem-sucedido. Todos terão o que merecem.
O Parlamento também foi convocado para uma reunião de emergência nesta quinta-feira (2), na qual outras medidas contra o incidente de violência deverão ser tomadas. Um comitê foi formado pelo governo e já iniciou as investigações para descobrir as causas de todo o violento tumulto.
Nas ruas, os militares determinaram que tanques e blindados deverão realizar patrulhas próximo aos hospitais e necrotérios, a fim de garantir a segurança e impedir que a violência volte a aparecer não só em Port Said, mas também no Cairo e em outras regiões do país.
Quanto ao Campeonato Egípcio, ele está suspenso por tempo indeterminado.
Times têm histórico de violência
O resultado de 3 a 1 a favor do Al-Masry contra o Al-Ahly é incomum na história dos jogos entre os dois times. O mesmo não vale para os registros de violência nas últimas décadas entre os torcedores das duas equipes. Os clubes possuem um histórico de violência e rivalidade, que muitas vezes já acabou em pancadaria.
Segundo um jornalista da rede árabe Al Jazeera que cobria a partida, os torcedores do Al-Ahly passaram todo o tempo provocando e ofendendo a torcida adversária. O mesmo jornalista afirma ainda que o cenário estava montado mas que, ainda assim, a polícia presente ao jogo parecia ignorar o que estava prestes a acontecer.
Após o apito final, os torcedores dos dois times, com maioria do Al-Masry, invadiram o gramado e começaram um violento confronto. Pedras, garrafas e fogos de artifício viraram armas nas mãos dos vândalos. Segundo as autoridades, a maioria dos ferimentos registrados entre mortos e feridos foram os cortes profundos e traumatismos.
Os jogadores correram para os vestiários, mas informações preliminares já apontavam para que pelo menos dois deles tivessem tido ferimentos leves. Entre os 22 atletas em campo estava o atacante brasileiro Fábio Júnior, que conta com passagens pelo Flamengo, Vasco e Internacional. Foi dele o gol do Al-Ahly na partida.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se disse “muito chocado e triste” por todo o acontecido em Port Said.
- Este é um dia negro para o futebol. Uma catástrofe como essa é imaginável e não deveria acontecer.

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