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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

MERCADÃO DA BOLA


Mercado da bola começa 2012 'inflacionado'

Dirigentes reclamam de altos preços e buscam reforços nos vizinhos da América do Sul
Montillo: Cruzeiro quer 15 milhões de euros para liberar argentino / Idário Café/Vipcomm Montillo: Cruzeiro quer 15 milhões de euros para liberar argentino Idário Café/Vipcomm O futebol brasileiro vem experimentando uma nova realidade, que ficou mais visível em 2011. Com mais dinheiro, ganharam mais fôlego para investir em contratações, e hoje alguns já conseguem enfrentar o mercado europeu e sua economia fragilizada pela crise. Mas encaram a dificuldade diante da disparada dos preços. Os salários exigidos aumentaram e os atletas se valorizam no ritmo do interesse dos novos ricos do futebol nacional, turbinados por novos contratos de patrocínio e transmissão.

Com isso, o mercado que deve esquentar nesses primeiros dias de janeiro promete cifras inéditas no país. Pelo menos nos negócios da bola. Os dirigentes, que mal pagaram as contas no passado, agora reclamam dos altos valores envolvidos nos negócios.

Curiosamente, uma das vítimas mais recentes é justamente quem mais tem se esforçado para manter seus tesouros. O Santos, por dois anos consecutivos, conseguiu manter Neymar na Vila Belmiro por meio de um bem amarrado contrato que soma, entre salários e contratos de publicidade, cerca de R$ 3 milhões por mês ao jovem. Mas, quando foi às compras, o Peixe voltou de mãos vazias.

O clube tentou contratar Kleber, do Inter, para o lugar do veterano lateral-esquerdo Léo, mas teve que recuar diante dos valores.

“O mercado está inflacionado. A demanda é muito maior que a oferta. O Santos é candidato a contratar um lateral-esquerdo, e vimos que as alternativas praticamente inexistem. O Kleber trabalha muito bem o passe e também pode jogar no meio, mas os valores de salários pedidos são incompatíveis com a realidade do clube. Não quero fazer loucuras”, afirmou Luis Alvaro, que gosta de exaltar a saúde da economia brasileira em contraste com a crise europeia.

Responsabilidade

O atual time de Kleber também reclama. O presidente Giovanni Luigi, do Inter, que tenta contratar pelo menos um zagueiro para suprir a saída de Juan, disse em entrevista à Rádio Gaúcha que os “valores estão acima do que deveriam”. “O mercado está um pouco inflacionado. Vários clubes querem pagar valores maiores, mas precisamos ser responsáveis”, disse o dirigente, que tenta convencer o Delcir Sonda, dono dos direitos de Kleber, a deixar o lateral mais uma temporada no Beira-Rio, apesar do interesse de outros clubes.

Uma dessas agremiações era o Vasco. O Gigante da Colina tentou levar Kleber e já contava com o lateral em São Januário em janeiro. Mas o negócio emperrou quando o pai e empresário do atleta, Jordão Correa, sentou para negociar com o Santos.

“Tivemos a informação de que o representante do jogador foi conversar com o Santos. Num primeiro momento as coisas estavam bem encaminhadas. Vamos continuar o nosso trabalho buscando jogadores que venham atender os pedidos do nosso treinador. Está totalmente fora da realidade do mercado brasileiro”, reclamou o presidente Roberto Dinamite, que ainda perdeu seu diretor-executivo, Rodrigo Caetano, recentemente.

Argentino de 15 milhões de euros

Enquanto os rivais buscavam nomes badalados, o São Paulo correu e anunciou um pacotão com cinco reforços, em que o único nome de relevo – ainda assim, uma promessa – é o de Cortês, lateral-esquerdo do Botafogo. O clube chegou a fazer uma proposta de 10 milhões de euros por Montillo, a “sensação” do mercado atualmente, mas o meia não sai do Cruzeiro por menos de 15 milhões de euros, segundo dirigentes da Raposa. O Corinthians segue no páreo, mas o Tricolor do Morumbi já desistiu.

“Pelo Montillo, eles querem 15 milhões de euros e aí fizeram leilão e estão inflacionando. Deus ajude quem vai comprar e nós estamos fora disso”, disse o presidente tricolor Juvenal Juvêncio, em entrevista ao Jogo Aberto, da Band. O clube vai em busca de meia, mas, garante Juvenal, é brasileiro e joga no exterior, sem revelar nomes.

Apesar dos valores, o Corinthians não desiste e conta com Montillo no Parque São Jorge. O clube pensa grande e ainda sonha com Tevez, sem destino certo desde que brigou com o técnico do Manchester City. Os valores? Sempre em torno dos 40 milhões de euros. Se levar o meia do Cruzeiro por R$ 36 milhões (aproximadamente), o Timão vai bater o próprio recorde de maior contratação de um clube brasileiro: os R$ 33,3 milhões que pagou por Tevez em 2005.

Se o mercado interno está inflacionado, a saída pode estar nos vizinhos. Vasco e Santos são dois dos grandes que miram reforços nos demais países da América do Sul. Luis Alvaro admitiu que foi procurado por um empresário, que ofereceu dois jogadores de países do continente, bem mais em conta que Kleber – que teria pedido R$ 350 mil mensais.

Em São Januário, os dirigentes trabalham com atletas de sotaque latino: Jonathan Copete, do Deportivo Santa Fé da Colômbia, Fernando Uribe, do Chievo, da Itália, Facundo Parra, do Independiente e Canales, da Universidad do Chile, são alguns dos jogadores especulados. A princípio, todos mais baratos que os reforços caseiros, mas podem ficar mais caros em uma negociação para o agora rico futebol nacional.

Apesar da abundância de nomes, o clube começa o ano com um reforço – ainda não assim não anunciados oficialmente: o zagueiro Rodolfo, do Lokomotiv-RUS e Thiago Feltri, lateral-esquerdo ex-Atlético-GO, “tão bom ou até melhor do que Kleber”, disse Dinamite. Mais barato, pelo menos, deve ser.

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