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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Auto Esporte Clube

Auto Esporte monta time barato para tentar não cair e não fazer dívidas

Clube automobilista está saindo de uma temporada tumultuada dentro e fora de campo e agora quer evitar que os mesmos erros se repitam

Por Expedito Madruga João Pessoa

O Auto Esporte começou 2012 sonhando alto. Afinal, o clube voltaria a disputar uma competição nacional de elite depois de 20 anos. Mas nem a Copa do Brasil foi suficiente para salvar uma temporada desastrosa, com erros de administração e uma briga inócua com a Federação Paraibana de Futebol (FPF) que quase lhe tira da temporada. Agora para 2013, vai apelar por um time barato para tentar se manter na 1ª divisão e ainda não fazer novas dívidas.
Tudo começou quando o então presidente Watteau Rodrigues resolveu “comprar a briga” com Rosilene Gomes, se negando a pagar as taxas cobradas pela FPF. A confusão provocou o adiamento de dois jogos do clube no Paraibano e deixou sob desconfiança até mesmo a partida contra o Bahia, pela Copa do Brasil.
- Consideramos que aquele era o momento certo de questionar essas taxas abusivas. Não poderia me furtar a isso na condição de presidente de um clube”, disse Watteau, que acabou suspenso por 180 dias pelo Tribunal de Justiça Desportiva da Paraíba (TJD-PB).
Elenco do Auto Esporte - Paraibano 2013 (Foto: Adriano Gonçalves / Jornal da Paraíba)(Arte: Adriano Gonçalves / Jornal da Paraíba)
A instabilidade fora de campo refletiu diretamente no time, que namorou com a zona de rebaixamento durante quase todo o Paraibano. Só se salvou nas rodadas finais, já sob o comando do técnico Denô Araújo.
Para fazer diferente em 2013, o Auto Esporte tomou algumas precauções. A eleição foi antecipada e acabou sendo uma das mais tranquilas da história. Candidato único, o conselheiro Manoel Demócrito já trabalhava no planejamento da temporada antes mesmo de assumir o clube. Contratou novamente Denô Araújo, desta vez para começar o trabalho à frente do clube.
- Denô fez um grande trabalho na reta final do Campeonato Paraibano e agora queremos dar-lhe condições de iniciar o ano, planejar a temporada. Tenho certeza de que o Auto fará uma grande campanha - acredita Manoel Demócrito.
O treinador agradece a confiança e espera retribuir o carinho da torcida. Mas vai logo avisando que os objetivos são modestos. Chegar à segunda fase (e assim escapar do rebaixamento) é a meta inicial. Falar em título parece ser algo que foge da realidade do Auto.
- Quero primeiro sentir o grupo. A nossa meta é ficar sempre no meio da tabela e conseguir passar para a segunda fase. Conforme o time for pegando ritmo, poderemos sonhar com algo mais - disse o treinador, de forma bem realista.
Entre os jogadores mais experientes do elenco, o lateral John sabe da responsabilidade de comandar a garotada em campo. Mas está disposto a ajudar o clube a chegar à segunda fase e, quem sabe, surpreender os favoritos.
- É importante saber que eu fiz um bom trabalho e voltar ao time que me deu oportunidade para começar a jogar futebol profissional em 2007. Ser um dos mais experientes do grupo não me assusta - avisou John.
John, lateral-esquerdo do Auto Esporte (Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)Lateral-esquerdo John está entre os mais
experientes do elenco do Auto Esporte para 2013
(Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)
O roteiro já está traçado. Para John, a hora de surpreender é na primeira fase, quando todos os times ainda estarão em formação. E com dois rivais a menos na disputa, Campinense e Sousa, o Auto Esporte pode aprontar.
- Temos um objetivo a conquistar, junto com a nossa comissão técnica, pois precisamos colocar o Auto Esporte em uma posição que ele merece - projetou.
Se isso acontecer e o Auto Esporte chegar à fase final, estará fazendo o que não conseguiu nas duas últimas décadas. Afinal, depois do título de 1992, nunca mais o clube conseguiu uma campanha de destaque. Pelo contrário, amargou duas vezes a queda para a segunda divisão.
- Prefiro acreditar que é possível brigar na parte de cima da tabela. Temos consciência de nossas limitações, mas também que é possível surpreender. A história do clube está repleta de casos assim - lembrou o presidente Manoel Demócrito, citando exatamente o ano de 1992, quando o Auto Esporte foi campeão vencendo o Treze na prorrogação por 1 a 0, em pleno Amigão, depois de ter perdido por 4 a 0 no tempo normal.
Temos que contratar jogadores mais rodados. Só a garotada não vai resolver.
Denô Araújo
Investimento pesado na garotada
Sem dinheiro para grandes investimentos, o Auto Esporte encontrou nas categorias de base a fórmula do sucesso para 2013. Ou pelo menos, para começar trabalhando. Dos 28 jogadores apresentados em dezembro, nada menos que onze são juniores. Uma situação que deixou o gerente de futebol, Severino Maia, preocupado.
- Temos que contratar jogadores mais rodados. Só a garotada não vai resolver - alerta.
Logo depois, o clube tratou de ‘envelhecer’ o elenco com as chegadas dos meias Thiago Silva, Leís e Mizinho. De qualquer forma, Denô Araújo entendeu a limitação financeira do clube. Tanto que os reforços que indicou estão dentro do teto estabelecido pela diretoria. O resultado disso é a aposta em mais jogadores jovens, como o meia Robinho, de 18 anos.
Denô Araújo, Auto Esporte (Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)Denô montou um time barato para a temporada
(Foto: Lucas Barros / Globoesporte.com/pb)
Aliás, a história do garoto é surpreendente. No início da carreira, ele passou cerca de um ano nas categorias de base do Vitória e chegou a fazer testes no Cruzeiro, mas ficou sem rumo após perder o pai, a mãe e um primo envolvidos com a criminalidade no Coelhos, violento bairro do Recife. E ele poderia ter o mesmo final não fosse o convite de Denô Araújo para jogar no Auto Esporte.
- A gente precisa abraçar e ser meio que um pai dele. Robinho andou por várias equipes. Mas ele não se firma por causa dos problemas que enfrentou. Precisamos estar com profissionais sempre o acompanhando psicologicamente - destacou o treinador.
O próprio gerente de futebol, Severino Maia, serve de inspiração para a garotada. Em 2012, ele pendurou as chuteiras na partida contra o Auto Esporte, pela Copa do Brasil, recebendo uma placa das mãos de ninguém menos que Paulo Roberto Falcão, o técnico do tricolor da boa Terra. Agora exclusivamente como dirigente, Maia tenta passar um pouco do amor que tem pelo Auto Esporte.
- Quem joga neste clube tem que respeitá-lo e saber de sua grandeza - avisou o dirigente.

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