Militares e opositores se acusam depois do pior surto violento da história do futebol local
Do R7, com agências internacionais
Política ou mera rivalidade futebolística? Ânimos seguem exaltados no Egito
Manifestantes que há pouco mais de um ano foram às ruas do país para pedir a saída do então presidente Hosni Mubarak acusam o governo militar e a polícia de não terem feito nada para impedir o banho de sangue ao final em Port Said, a 207 km do Cairo, no jogo entre o time local, Al-Masry, e os visitantes do Al-Ahly, em jogo válido pelo Campeonato Egípcio. Um protesto em frente à sede do Ministério do Interior está marcado para esta quinta-feira (2).
A sede do Al-Ahly, no Cairo, reuniu centenas de torcedores e manifestantes que entoaram gritos como “Nós morreremos como eles ou garantiremos os direitos deles”, exigindo mais uma vez a saída dos militares do governo. Os mais exaltados iam além e diziam que tudo foi tramado pelo Exército, chefiado pelo comandante Mohamed Hussein Tantawi.
O tom mais agressivo contra o governo também foi adotado pela Irmandade Muçulmana, principal força política do Egito. O partido acusou partidário do ex-presidente Hosni Mubarak por “conspirarem e instigarem a violência”. Durante todo o período em que esteve no poder, Mubarak foi um grande incentivador do futebol no país, vislumbrando aumentar sua popularidade.
O governo negou todas as acusações por meio de um canal de televisão local. O próprio Mohamed Hussein Tantawi destacou que “esses tipo de eventos podem ocorrer em qualquer parte do mundo”, e que o momento é de ajudar as famílias de todas as vítimas e na recuperação dos feridos. Ele ainda confirmou que 47 pessoas foram presas por suposto envolvimento no surto de violência durante a partida, e que este número pode aumentar.
- Não iremos deixar quem estiver envolvido (nessa violência) sair impune. Vamos superar o que passou. O Egito terá estabilidade. Nós temos uma rota que nos leva à transferência do poder para civis eleitos. Se alguém está tramando pela instabilidade no Egito não será bem-sucedido. Todos terão o que merecem.
O Parlamento também foi convocado para uma reunião de emergência nesta quinta-feira (2), na qual outras medidas contra o incidente de violência deverão ser tomadas. Um comitê foi formado pelo governo e já iniciou as investigações para descobrir as causas de todo o violento tumulto.
Nas ruas, os militares determinaram que tanques e blindados deverão realizar patrulhas próximo aos hospitais e necrotérios, a fim de garantir a segurança e impedir que a violência volte a aparecer não só em Port Said, mas também no Cairo e em outras regiões do país.
Quanto ao Campeonato Egípcio, ele está suspenso por tempo indeterminado.
Times têm histórico de violência
O resultado de 3 a 1 a favor do Al-Masry contra o Al-Ahly é incomum na história dos jogos entre os dois times. O mesmo não vale para os registros de violência nas últimas décadas entre os torcedores das duas equipes. Os clubes possuem um histórico de violência e rivalidade, que muitas vezes já acabou em pancadaria.
Segundo um jornalista da rede árabe Al Jazeera que cobria a partida, os torcedores do Al-Ahly passaram todo o tempo provocando e ofendendo a torcida adversária. O mesmo jornalista afirma ainda que o cenário estava montado mas que, ainda assim, a polícia presente ao jogo parecia ignorar o que estava prestes a acontecer.
Após o apito final, os torcedores dos dois times, com maioria do Al-Masry, invadiram o gramado e começaram um violento confronto. Pedras, garrafas e fogos de artifício viraram armas nas mãos dos vândalos. Segundo as autoridades, a maioria dos ferimentos registrados entre mortos e feridos foram os cortes profundos e traumatismos.
Os jogadores correram para os vestiários, mas informações preliminares já apontavam para que pelo menos dois deles tivessem tido ferimentos leves. Entre os 22 atletas em campo estava o atacante brasileiro Fábio Júnior, que conta com passagens pelo Flamengo, Vasco e Internacional. Foi dele o gol do Al-Ahly na partida.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, se disse “muito chocado e triste” por todo o acontecido em Port Said.
- Este é um dia negro para o futebol. Uma catástrofe como essa é imaginável e não deveria acontecer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário